sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ensina-me a Viver


Peça de teatro dirigida por João Falcão fica em cartaz no Teatro Tuca até o dia 26 de setembro

Para aqueles que não viram a montagem de Ensina-me a Viver - protagonizada por Glória Menezes e Arlindo Lopes, que já esteve em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro, sob a ótica do diretor João Falcão - há ainda a oportunidade de conferi-la a preços populares, em sua reestreia no Teatro Tuca, até o dia 26 de setembro.

Confesso que quando vi o nome de Glória Menezes no elenco fiquei com um pouco de receio, dado o desempenho da atriz na montagem Ricardo III - obra de Shakespeare, dirigida por Jô Soares – que valeu a pena somente pela atuação precisa de Marco Ricca no papel título. Sem desmerecer, é claro, alguns trabalhos marcantes da atriz em sua longa trajetória na televisão e cinema, embora a linguagem aqui seja outra.

Para quem não conhece o enredo de Ensina-me a Viver, a sinopse é simples e inusitada: seu autor, Colin Higgins (1941-1988), narra a história de um velho de quase 20 anos e uma menina sapeca, de quase 80. Pode parecer estranho, mas é isso mesmo. Arlindo Lopes dá vida a Harold, um garoto estranho que vive tramando seu próprio suicídio para chamar a atenção da mãe, enquanto Glória Menezes interpreta Maude, uma senhora com espírito jovial, cheia de encantos e muito esperta.

O encontro entre ambos acontece da forma um tanto quanto absurda: num cemitério. Maude aborda Harold e começa a conversar com ele. Aos poucos, tornando-se sua amiga, mesmo o garoto não lhe dando muita atenção nas primeiras abordagens. Ambos se envolvem numa relação de amizade que aos poucos vai se transformando até culminar no amor.

O espetáculo começa meio entediante e a gente fica com uma sensação meio incômoda e se perguntando onde isso vai dar. As respostas vão sendo apresentadas aos poucos e fazendo com que o público se envolva de tal forma a ponto de torcer para que o amor aconteça entre estes personagens de universos tão diferentes.

A direção de Falcão, que também assina a adaptação da peça, traz elementos lúdicos à montagem que são transpostos através da música, da iluminação e do jogo de cena que faz com as personagens. Ensina-me a Viver não é uma peça apenas de protagonistas. Seus coadjuvantes têm encantos fundamentais para que a trama funcione, como, por exemplo, as cinco personagens que o ator Antonio Fragoso encarna, um dos pontos altos do espetáculo. Em determinado momento - com a ajuda do elenco de apoio e da precisa iluminação - Fragoso vive três personagens que ficam em cena ao mesmo tempo.

Maude, com seus quase 80 anos, traz em si as traquinagens de uma criança - ora inconsequente, ora encantadora - e ao mesmo tempo, a sabedoria de quem não se apega às coisas materiais e supérfluas. Ela seduz pela poesia que enxerga em tudo e pela graça que consegue tirar daquilo que ninguém mais observa. Tudo isso é traduzido nas imagens lúdicas criadas pela direção.

Quando Harold percebe que sua vida mudou radicalmente, graças ao convívio com Maude, ela lhe faz uma surpresa na noite em que completa 80 anos. Quanto a Glória Menezes, desfeita a má impressão da montagem Ricardo III.

Everson Bertucci

Ensina-me a Viver
Tuca
R. Monte Alegre, 1024, Perdizes,
Sextas e sábados, às 21h30; domingos, às 19h
Até 26 de setembro
R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia); R$ 10 (professores e alunos da PUC-SP)

Texto publicado no site www.cesargiobbi.com.br no dia 12 de agosto de 2010 http://www.onne.com.br/cesar/materia/teatro/14334/ensina-me-a-viver