quinta-feira, 25 de novembro de 2010

As Satyrianas - Uma Saudação à Primavera

A partir desta quinta-feira (dia 25), às 18h, o centro de São Paulo recebe a 11ª edição de um dos eventos culturais mais esperados do ano: As Satyrianas - Uma Saudação à Primavera. Em comemoração aos seus 10 anos na Praça Roosevelt, a Cia Satyros de Teatro promove o evento com 78 horas ininterruptas de programação envolvendo teatro, fotografia, exposições, palestras, cinema e música. O homenageado desta edição é o ator e crítico de teatro Alberto Guzik, que morreu neste anoe desenvolveu um papel fundamental na história do grupo.

Devido à reforma da Praça Roosevelt, o festival este ano fez uma parceria com o projeto Nova Augusta, que cedeu uma área entre as Ruas Augusta e Caio Prado para o encontro. Ao todo são mais de 30 espaços culturais que vão receber as atrações deste ano. O encerramento será neste domingo (dia 28), à meia-noite. Artistas renomados, como Elias Andreatto, Lauro César Muniz, Laís Bodansky, Marcelo Rubens Paiva, Marici Salomão, Rodolfo García Vázquez, Walcyr Carrasco, entre outros, apresentarão seus trabalhos durante o evento.

A grande festa cultural também receberá atrações internacionais, como os atores portugueses Óscar Silva e Pedro Barreiro, o diretor espanhol Pepe Nuñez e o uruguaio Hugo Rodas. Na tenda DramaMix, o público poderá conferir cenas curtas de até 20 minutos, de 50 dramaturgos, que serão encenadas por diversos atores e diretores da cena teatral paulista. Entre eles, Denise Fraga, Danton Mello, Mario Viana, Paula Cohen e Bruno Fagundes.

No Café Literário - que será realizado no Bar Rose Velt, na Praça Roosevelt, todos os dias a partir das 12h - artistas como Fernando Bonassi, Lourenço Mutarelli, Juliana Galdino, Jefferson Del Rios, Ingrid Dormien Koudela, entre outros, discutem temas em homenagem a Guzik.

Mais de 250 trabalhos de teatro, música e performance, foram enviados para apresentação no evento. Os selecionados se apresentarão no Espaço dos Satyros e na nova Tenda CenaMix, montada entre as ruas Augusta e Caio Prado. Outra novidade neste ano é o projeto Ouvi Contar, uma ousada experiência de teatro em domicílio, que será realizada em apartamentos da Praça Roosevelt, em uma parceria com a SP Escola de Teatro.

Nesta edição, o CineMix terá uma inovação: ao longo da festa será gravado e produzido o longa-metragem Satyrianas – 78 horas em 78 minutos, no formato documentário-ficção. Outra iniciativa inédita desta edição das Satyrianas são parcerias com os teatros Folha e Estúdio Emme, que ofereceram ingressos gratuitos para espetáculos em cartaz. Nos demais espetáculos do festival, o público é que decide quanto vale o show, pagando o ingresso consciente.

Outra atração que vai trazer o teatro para uma interação direta com o público é o Teatro da Vertigem, uma intervenção performática nas ruas da Bela Vista, durante o evento, a partir do texto Mauismo, de Fernando Bonassi. Trata-se de um exercício de investigação artística com caráter performático e de intervenção, que convida o público para o reconhecimento do espaço da cidade.

Outro destaque da programação deste ano é o Concurso Garotas Satyrianas 2010, em que mulheres, travestis e transexuais poderão concorrer.

Alguns destaques do festival:
Na programação geral de teatro, há destaques como os espetáculos dos Satyros: Roberto Zucco, Hipóteses Para o Amor e a Verdade, Justine, Filosofia da Alcova e Liz; Festival de Peças de Um Minuto, do Parlapatões; BOI, do diretor uruguaio Hugo Rodas; A Angústia desse Argumento, dos atores portugueses Óscar Silva e Pedro Barreiro; Lá Fora, Algum Pássaro dá Bom Dia, de Marcelo Rubens Paiva; Como ser uma Pessoa Pior, de Mário Bortolotto, entre outros.

Para ter acesso a toda a programação, incluindo, dança, fotografia, palestras e literatura, com todos os dias e horários, clique aqui.



As Satyrianas - Uma Saudação à Primavera
De 25 a 28 de novembro
78 horas de atividades culturais
Diversos espaços culturais
Pague o quanto puder.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

De Mãe para Filho

Empresário homossexual tem filho gerado no útero de sua própria mãe, no México



Jorge, um mexicano homossexual de 31 anos acabou de realizar o sonho de ser pai.
Para que seu filho pudesse ser pai, a mãe do empresário decidiu emprestar seu ventre para dar à luz ao bebê, se tornando assim mãe e avó ao mesmo tempo.


Em entrevista ao jornal Reforma, a mãe de Jorge declarou que foi seu primeiro neto. "Mas não o sinto assim porque também é meu quarto filho", completou. A mexicana, que preferiu não ser identificada, foi inseminada com o embrião do filho e os óvulos doados por uma amiga dele.

A proposta partiu da própria mãe de Jorge. Ela conta que teve a ideia após ver em um documentário que o melhor útero para fertilização em casos de barriga de aluguel é o da avó. “Minha mãe me dizia 'pense no bebê, uma mãe substituta luta todo o tempo para não querer a criança porque sabe que não poderá ficar com ela. Mas eu não, vai ser meu neto'”, conta o empresário.

As tentativas de inseminação artificial começaram em novembro de 2009, mesmo sabendo dos riscos que enfrentariam por conta da idade dela. Felizmente tudo ocorreu bem e o pequeno Dário nasceu no dia 1º de novembro, com 49 centímetros e pesando quase dois quilos e meio. O menino receberá os dois sobrenomes do pai.

No México, as leis permitem a prática da mãe substituta, desde que não haja negociação em dinheiro e se as mulheres tiverem parentesco em primeiro ou segundo grau, como avó, mãe ou irmã.


http://www.cesargiobbi.com.br/cesar/materia/variedades/14907/de-m-e-para-filho

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Outubro ou Nada

Jovem estudante sofre ataque homofóbico durante festa promovida por estudantes da Escola de Comunicações e Artes da USP


Henrique Andrade, de 21 anos, estudante de biologia pela Universidade de São Paulo (USP) e seu namorado, aluno do curso de Arquitetura, pela mesma instituição, alegou ter sido vítima de homofobia na madrugada de sábado (dia 23). Segundo afirma, ele e o namorado estavam sentados num sofá, abraçados e conversando, quando outros três jovens os surpreenderam com chutes e socos, além de palavrões homofóbicos. O fato ocorreu durante a festa Outubro ou Nada, realizada por alunos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, numa mansão localizada no Morumbi, em São Paulo.

O estudante registrou Boletim de Ocorrência na Polícia Civil de São Paulo. O jovem declarou que foi vítima de agressão física e moral, mas que não está a fim de punir ninguém. “Estou a fim de divulgar esse problema comigo para que ele seja discutido numa esfera mais ampla, buscar no futuro a criminalização da homofobia”, afirmou.

Henrique Andrade relata que os agressores estavam visivelmente alcoolizados. Eles tentaram intimidar o casal apontando cigarros acesos contra seus rostos. Duas garotas que estavam no local chamaram o segurança, mas este nada fez. “Nesse meio tempo, levei um tapa na cara na frente do segurança enquanto tentava dialogar com os indivíduos e um deles falou que eu e meu namorado estávamos marcados. A equipe de segurança só tomou uma atitude após a formação de um aglomerado indignado com a barbárie que estava acontecendo”, conta.


Segundo a vítima, os agressores também depredaram o carro de uma garota, na mesma noite, por ela ter dito que tinha amigos gays. “Eu e meu namorado estamos bem fisicamente, mas a agressão moral ainda dói. Estamos tomando as providências cabíveis juntamente com o Centro Acadêmico (CA) da Biologia e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo”.

Após receber o relato de Henrique, o Centro Acadêmico de Biologia decidiu fazer uma moção de repúdio. O documento está sendo distribuído na USP solicitando assinaturas dos estudantes.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Elvis & Madona

Longa que aborda a história de amor entre travesti e lésbica leva troféu de Melhor Roteiro, no Festival do Rio


Nessa terça-feira (dia 5), aconteceu a cerimônia dos premiados no Festival do Rio de 2010, no Cine Odeon. A estatueta de Melhor Roteiro foi para o longa Elvis & Madona, que narra a trama de amor entre uma travesti, interpretada pelo ator Igor Cotrim, e uma lésbica, vivida por Simone Spoladore. Quem recebeu o troféu, das mãos do ator Marcos Palmeira, foi o diretor do longa, Marcelo Laffitte.

A ideia do filme surgiu quando o diretor estava num quarto de hotel, em Miami, e na TV estava passando um programa de auditório, de brigas familiares, onde o assunto era um pai, que 20 anos após ter abandonado a família voltou como travesti. Mas o que estava sendo discutido no programa não era o fato dele ter voltado travestido de mulher e sim porque ele se apaixonou e ‘roubou’ a mulher de seu próprio filho. Foi a partir daí que o diretor se inspirou e criou a trama de Elvis & Madona.


Para Laffitte, o mais envolvente do filme, segundo os comentários que têm ouvido, é a história de amor humana, verdadeira e divertida que o filme narra. Um comentário comum de espectadores é que, depois de cinco minutos de projeção, esquece-se totalmente que os personagens são uma lésbica e uma travesti.

O longa foi um dos destaques na edição 2009 do Festival Mix Brasil, também chamando a atenção em eventos internacionais como o Melbourne Queer Film Festival. Elvis & Madona é cheio de diálogos naturais e sem enfeites, construindo um universo perfeito onde o amor não conhece gênero, apenas o coração, segundo definição do próprio diretor. O longa rende risadas, mas também toca em temas sisudos, como o preconceito contra pessoas LGBT.

O filme também era um dos favoritos na categoria Melhor Filme, mas este troféu acabou ficando com Vips - Histórias Reais de um Mentiroso, produção estrelada por Wagner Moura que narra a história de um dos maiores vigaristas do Brasil.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Violência psicológica resulta em suicídio de rapaz homossexual, nos Estados Unidos

O bullying, tipo de prática vexatória, fez mais uma vítima no mês de setembro, nos Estados Unidos. Desta vez, o adolescente homossexual Tyler Clementi, de 18 anos, que cometeu suicídio depois de ter um vídeo íntimo seu divulgado na internet. O garoto foi vítima de uma brincadeira de mal gosto de um outro adolescente com quem dividia um quarto na Universidade Rutgers, onde ambos estudavam.

Tudo começou no dia 19 de setembro, quando Dharun Ravi, que dividia o quarto com Clementi, postou em seu twitter uma mensagem dizendo que seu amigo havia lhe pedido o quarto até meia-noite. Ravi concedeu o pedido ao colega de quarto, mas ligou a câmera do computador e foi para o quarto de outro rapaz, Molly Wei, também aluno da instituição. De lá, ambos ficaram assistindo Clementi trocando carícias com outro homem.

Na semana passada, a dupla Dharun Ravi e Molly Wei foi detida e acusada de espalhar o material pela internet. Eles devem ser indiciados por violação da vida privada. Os rapazes postaram o vídeo no iChat e também o repassaram para outros alunos da universidade, expondo a intimidade de Clementi.

Três dias após a publicação do material pela rede, o jovem – não suportando a humilhação a que foi exposto - se jogou da Ponte George Washington, que liga Nova York a Nova Jersey. Antes disso, ele publicou em seu facebook a seguinte mensagem: “Vou pular da ponte GW, lamento”.

A universidade iniciou investigação para apurar os fatos. O diretor da instituição, Richard McCormick, disse em nota que se os estudantes forem considerados culpados, serão punidos. Detalhe: o jovem Tyler Clementi havia acabado de entrar na faculdade.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ensina-me a Viver


Peça de teatro dirigida por João Falcão fica em cartaz no Teatro Tuca até o dia 26 de setembro

Para aqueles que não viram a montagem de Ensina-me a Viver - protagonizada por Glória Menezes e Arlindo Lopes, que já esteve em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro, sob a ótica do diretor João Falcão - há ainda a oportunidade de conferi-la a preços populares, em sua reestreia no Teatro Tuca, até o dia 26 de setembro.

Confesso que quando vi o nome de Glória Menezes no elenco fiquei com um pouco de receio, dado o desempenho da atriz na montagem Ricardo III - obra de Shakespeare, dirigida por Jô Soares – que valeu a pena somente pela atuação precisa de Marco Ricca no papel título. Sem desmerecer, é claro, alguns trabalhos marcantes da atriz em sua longa trajetória na televisão e cinema, embora a linguagem aqui seja outra.

Para quem não conhece o enredo de Ensina-me a Viver, a sinopse é simples e inusitada: seu autor, Colin Higgins (1941-1988), narra a história de um velho de quase 20 anos e uma menina sapeca, de quase 80. Pode parecer estranho, mas é isso mesmo. Arlindo Lopes dá vida a Harold, um garoto estranho que vive tramando seu próprio suicídio para chamar a atenção da mãe, enquanto Glória Menezes interpreta Maude, uma senhora com espírito jovial, cheia de encantos e muito esperta.

O encontro entre ambos acontece da forma um tanto quanto absurda: num cemitério. Maude aborda Harold e começa a conversar com ele. Aos poucos, tornando-se sua amiga, mesmo o garoto não lhe dando muita atenção nas primeiras abordagens. Ambos se envolvem numa relação de amizade que aos poucos vai se transformando até culminar no amor.

O espetáculo começa meio entediante e a gente fica com uma sensação meio incômoda e se perguntando onde isso vai dar. As respostas vão sendo apresentadas aos poucos e fazendo com que o público se envolva de tal forma a ponto de torcer para que o amor aconteça entre estes personagens de universos tão diferentes.

A direção de Falcão, que também assina a adaptação da peça, traz elementos lúdicos à montagem que são transpostos através da música, da iluminação e do jogo de cena que faz com as personagens. Ensina-me a Viver não é uma peça apenas de protagonistas. Seus coadjuvantes têm encantos fundamentais para que a trama funcione, como, por exemplo, as cinco personagens que o ator Antonio Fragoso encarna, um dos pontos altos do espetáculo. Em determinado momento - com a ajuda do elenco de apoio e da precisa iluminação - Fragoso vive três personagens que ficam em cena ao mesmo tempo.

Maude, com seus quase 80 anos, traz em si as traquinagens de uma criança - ora inconsequente, ora encantadora - e ao mesmo tempo, a sabedoria de quem não se apega às coisas materiais e supérfluas. Ela seduz pela poesia que enxerga em tudo e pela graça que consegue tirar daquilo que ninguém mais observa. Tudo isso é traduzido nas imagens lúdicas criadas pela direção.

Quando Harold percebe que sua vida mudou radicalmente, graças ao convívio com Maude, ela lhe faz uma surpresa na noite em que completa 80 anos. Quanto a Glória Menezes, desfeita a má impressão da montagem Ricardo III.

Everson Bertucci

Ensina-me a Viver
Tuca
R. Monte Alegre, 1024, Perdizes,
Sextas e sábados, às 21h30; domingos, às 19h
Até 26 de setembro
R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia); R$ 10 (professores e alunos da PUC-SP)

Texto publicado no site www.cesargiobbi.com.br no dia 12 de agosto de 2010 http://www.onne.com.br/cesar/materia/teatro/14334/ensina-me-a-viver

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Gypsy


São Paulo recebe mais um musical da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho


Nesta sexta-feira (dia 23), às 21h30, São Paulo recebe uma versão do musical Gypsy, da Broadway. Com texto de Arthur Laurents, a montagem ganha versão brasileira de Claudio Botelho, direção de Charles Möeller, estrelado por Totia Meireles, Adriana Garambone, Eduardo Galvão e Renata Ricci, e ficará em cartaz no Teatro Alfa até o dia 17 de outubro.

A mega-produção brasileira conta com uma equipe de 38 atores, 17 músicos, além de 18 trocas de cenário e 140 figurinos. Quem traz o espetáculo a São Paulo, após temporada no Rio de Janeiro, é a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, responsável por sucessos como Avenida Q, O Despertar da Primavera, A Noviça Rebelde, Sweet Charity e Sete, o Musical, entre outros que já passaram pela cidade.

A montagem é baseada na história real da stripper Gypsy Rose Lee (Adriana Garambone), apoiada na personagem de Rose (Totia Meireles), a mãe dominadora que sonha em transformar suas filhas em estrelas do teatro. Como pano de fundo, a virada que houve no entretenimento americano nas primeiras décadas do século passado, com a decadência do teatro de variedades e o surgimento do burlesco, um tipo de teatro adulto, sendo ápice do strip-tease de mulheres em apresentações para o público masculino.

Tudo o que se vê no musical é fruto da cabeça de Rose, que cria os números, ensaia as meninas, escolhe os artistas mirins que participarão dos shows. Trata-se de um musical que se escreve e se conta através dos olhos e ouvidos de uma personagem obstinada, mas na verdade não é tão talentosa assim.

“Gypsy é mesmo um clássico. A história é fascinante, permite várias leituras. Tem mais de 50 anos de montagens e remontagens na Broadway e em Londres”, diz Charles Möeller, diretor o espetáculo.

Foto: Robert Schwenck/Divulgação

Texto publicado no site Cesar Giobbi no dia 22 de julho de 2010
http://www.onne.com.br/cesar/materia/teatro/14077/gypsy