Uma viagem lúdica através das impressoes e traços do ilustrador Adams Carvalho
A ilustração sempre esteve presente em sua vida de Adams Carvalho. Ele nos conta que, como toda criança, gostava de desenhar, a diferença é que: “eu apenas não parei. Pra mim era um extensão das brincadeiras. Acho que continua sendo”, afirma.
Formado em pintura, pela ECA-USP e apaixonado por cinema – mais do que qualquer outra linguagem – segundo ele mesmo, sua maior fonte de inspiração é a fotografia. Talvez por isso, em muitas das suas obras, há a impressão de estarmos próximos de um retrato quando nos deparamos com a preciosidade dos traços, a singeleza dos olhares, a força das expressões, a vivacidade das cores, as particularidades gestuais, a naturalidade dos movimentos.
No início da carreira, Adams apenas pintava. “Mas achei esse universo um pouco fechado e limitado, o circuito em galerias e espaços institucionais. Comecei a querer trabalhar com outros suportes como a ilustração e a animação, que atingem outros públicos e tratam de assuntos diferentes”, diz.
Mas quando perguntado sobre que tipo de trabalho mais gosta de fazer, nos revela que se diverte entre as ilustrações, pinturas e animações. “Gosto de todas, indistintamente. Pois cada uma tem seu espaço e não acho nenhuma melhor, mais importante ou mais gostosa de fazer”.
Entre as principais referências estão as fotografias e stills de filmes. Na pintura e desenho, demonstra preferência pelo trabalho de Hopper, Degas e Toulouse Lautrec. “Gosto dessas referências mais clássicas, apesar de achar que já não existem mais fronteiras de gêneros”.
Há três anos Adams ilustra para a Folha de São Paulo, onde entrou através de concurso, sendo um dos cinco finalistas. Foi quando o chamaram para ilustrar a coluna do Gilberto Dimenstein e a Revista da Folha, permanecendo até hoje.
Seu contato com a ilustração infantil aconteceu quando convidado para ilustrar o livro “No Meio do Caminho Tinha uma Luz”, de Débora Brenga. “Foi meu primeiro trabalho de ilustração editorial e o primeiro, e único, até agora”, diz. Sobre esta experiência ele complementa: “fiquei feliz com o resultado, as ilustrações são bastante pictóricas, iluminadas, curiosas, com imagens que nasceram de um ponto de vista diferente, assim como o texto da Débora”.
Sobre a ilustração no universo infantil, nos conta: “eu adoro. Imensamente. O meu tipo de trabalho não tem a ver com esse universo, infelizmente. Mas chego a achar que a ilustração infantil é tão, ou mais, importante do que a ilustração adulta”. E explica: “pois atinge as pessoas no começo de suas vidas. É aí que começa a fazer a diferença na vida das pessoas”.
Alguns de seus trabalhos podem ser visualizados no site http://www.adamscarvalho.com/
o lado lúdico
Quando resolvi escrever sobre ilustração, foi pensando no universo mágico que esta arte é capaz de produzir. Ainda criança, como a maioria, era fascinado por desenhos. Como ainda não sabia ler, ficava folheando os livros infantis em busca de ilustrações e, a partir delas, montava as histórias na minha cabeça. Era o meio de transporte para o universo que eu gostaria de ficar para sempre.
Quando resolvi escrever sobre ilustração, foi pensando no universo mágico que esta arte é capaz de produzir. Ainda criança, como a maioria, era fascinado por desenhos. Como ainda não sabia ler, ficava folheando os livros infantis em busca de ilustrações e, a partir delas, montava as histórias na minha cabeça. Era o meio de transporte para o universo que eu gostaria de ficar para sempre.
Lá eu podia fazer o que quisesse, na hora em que desejasse e com quem eu bem entendesse. E assim eu fazia. Mergulhava de corpo e alma num mundo cheio de vida, de cores, de doces, de alegria e de brincadeiras. Me empanturrar de pipoca, me lambuzar de chocolate, me entupir de leite condensado, lamber a forma de bolo da vovó e o melhor, não ter dor de barriga, nem nenhum adulto chato me dizendo “não pode isso, não pode aquilo”.
Havia os amigos imaginários e os longos diálogos com os personagens de Monteiro Lobato, representados pela esperta Emília. Vinha também o Fominha, o Desastrado, o Gargamel com seu gato Cruel (dos Smurfs), o Coração Valente, o Malvado e a Laurinha – com sua deliciosa voz esganiçada (Ursinhos Carinhosos). Tinha também a Magali, o Cascão e o Chico Bento (Turma da Mônica) e muitos outros.
Nesta atmosfera era possível fazer uma viagem quixotesca nos cavalos-de-cabo-de-vassoura, sem receio de cair; subir no galho mais fino e alto dos pés-de-manga, sem medo de se estatelar no chão; me transformar em Super-Homem e sair voando quando minha mãe vinha com aquela vara verde me sapecar a bunda. Enfim, era possível fazer mil estripulias numa mescla de inocência, esperteza e um toque sutil de malvadeza.
Bom seria se os adultos não perdessem essa beleza infantil, o poder de se divertir e se fazer colorir por tão pouco. Apenas um traço, um desenho, uma figura, uma ilustração é suficiente para transportar uma criança para dentro do céu, do seu próprio céu. E lá poder exercer a função de ser feliz, a função que ninguém poderia lhe tirar, a função única de ser criança.
Principais Trabalhos de Adams Carvalho
Livros: “No Meio do Caminho Tinha uma Luz”, de Débora Brenga; “O Tempo das Surpresas”, de Caio Riter e "Turbilhão em Macapá”, de Ivan Jaf.
CD’s: Duofel; Francisco Forró y Frevo”, de Chico César e “Pode Entrar”, de Ivete Sangalo [ainda não lançado].
Teatro: Toda programação gráfica do grupo “Comida dos Astros” e “Minha Nossa”, de Renata Sofredinni.
Cinema: “Olho de Boi”, de Hermano Penna.
Revista: Rolling Stone, Revista da TAM e Contra-Relógio.
Um comentário:
Olá, viajando pela internet tive a boa surpresa de encontrar esse artigo com o artista plástico Adams Carvalho.
Fiquei muito feliz, pois para mim, ele é um grande artista, capaz de nos fazer enxergar imagens que nosso olhar "senso comum" não perceberia sem a sua lente e o seu talento.
Parabéns pelo seu blog, que permite surpresas dessa natureza ao virtual viajante anônimo.
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