Peça em cartaz no Teatro Faap traz de volta à cena paulistana trabalho de Enrique Diaz
Uma das características do diretor Enrique Diaz é trazer ao palco questionamentos metalingüísticos. A desconstrução do texto também está entre suas características, embora em In On It isto fique mais por parte de Daniel MacIvor, quem assina o texto. Quando dirigiu Ensaio.Hamlet, em 2004 pela Cia. dos Atores, apresentando uma montagem altamente inovadora e criativa, Diaz demonstrou que o texto é uma apenas uma das muitas ferramentas que se utiliza para um espetáculo funcionar, mas para isto uma boa equipe e atores afinados e integrados são fundamentais para um resultado eficaz.
Ensaio.Hamlet - construído a partir de Hamlet, de William Shakespeare - estreou no Rio de Janeiro, e fez curta temporada, em São Paulo, no Sesc Belenzinho. No elenco estavam Fernando Eiras, Malu Galli, Bel Garcia, César Augusto, Felipe Rocha, e Marcelo Olinto. A montagem foi bem recebida pela crítica e público que levou em conta a desconstrução do clássico, a direção e a entrega dos atores. Pelo mesmo princípio de pensar o teatro dentro do teatro, em 2006, Diaz montou A Gaivota, de Anton Tchekhov, que trazia os atores Emílio de Mello, Thierry Trémouroux, Alessandra Negrini, Felipe Rocha, Lorena da Silva, Isabel Teixeira e o próprio Enrique Diaz.
Repetindo a parceria com Fernando Eiras e Emílio de Mello, o diretor traz agora ao público a peça In On It, em cartaz atualmente no Teatro Faap. A montagem prova que não adianta uma encenação cheia de efeitos técnicos e visuais se o elenco não está preparado, se o ator não foi bem conduzido e explorado para transmitir a história do personagem com verdade, de dentro. O que In On It transmite é justamente isto: a exploração do ator para que ele consiga vivenciar os personagens da forma mais simples e honesta possível. Faz com que o público veja aqueles personagens por dentro e sem uso de adereços. Na peça, os atores Eiras e Mello não precisam elementos externos para interpretar uma mulher, um velho ou um adolescente. Seus personagens vêm de dentro.
Quando Diaz lança a proposta de colocar apenas dois atores em cena e fornece a eles apenas um casaco e duas cadeiras como únicos elementos de cena é porque o fundamental ali são os atores e como eles podem se relacionar com tais objetos contando uma história que envolve várias vidas, como é o caso da montagem. São dois atores que estão discutindo a melhor maneira de conduzir um espetáculo, de construir um texto, de dar credibilidade e verossimilhança àquelas personagens.
A maioria das vidas está dentro do casaco. É de lá que elas saem. O início do jogo cênico que é proposto ao público pode parecer meio estranho, um pouco forçado, mas aos poucos os atores vão dominando a situação e acabam fazendo com que a plateia entre dentro da história, da história que está saindo de dentro deles. As rápidas transformações, as trocas de personagem, os questionamentos sobre a montagem, o andamento das cenas, o auto-questionamento sobre as interpretações, o humor. Pontos muito bem explorados pela dupla, refletindo o papel da direção.
In On It desperta sentimentos diversos. Traz à tona tristezas transformadas em poesia, em beleza. Por um instante, aqueles um pouco mais sensíveis se veem mergulhados numa das histórias com tanta intensidade que se esquecem que é tudo encenação, que são dois atores passando uma cena e se entrega de tal forma que é possível sentir uma outra atmosfera criada através da palavra, da palavra que veio de dentro. De dentro também vem o choque com a realidade quando eles jogam um balde de água fria fazendo com que toda a poesia se evapore e puxando pelos pés os que se deixaram flutuar, jogando-os novamente nas poltronas quando o fim era dado como certo. Tudo é teatro! E os aplausos... de dentro.
Everson Bertucci
Repetindo a parceria com Fernando Eiras e Emílio de Mello, o diretor traz agora ao público a peça In On It, em cartaz atualmente no Teatro Faap. A montagem prova que não adianta uma encenação cheia de efeitos técnicos e visuais se o elenco não está preparado, se o ator não foi bem conduzido e explorado para transmitir a história do personagem com verdade, de dentro. O que In On It transmite é justamente isto: a exploração do ator para que ele consiga vivenciar os personagens da forma mais simples e honesta possível. Faz com que o público veja aqueles personagens por dentro e sem uso de adereços. Na peça, os atores Eiras e Mello não precisam elementos externos para interpretar uma mulher, um velho ou um adolescente. Seus personagens vêm de dentro.
Quando Diaz lança a proposta de colocar apenas dois atores em cena e fornece a eles apenas um casaco e duas cadeiras como únicos elementos de cena é porque o fundamental ali são os atores e como eles podem se relacionar com tais objetos contando uma história que envolve várias vidas, como é o caso da montagem. São dois atores que estão discutindo a melhor maneira de conduzir um espetáculo, de construir um texto, de dar credibilidade e verossimilhança àquelas personagens.
A maioria das vidas está dentro do casaco. É de lá que elas saem. O início do jogo cênico que é proposto ao público pode parecer meio estranho, um pouco forçado, mas aos poucos os atores vão dominando a situação e acabam fazendo com que a plateia entre dentro da história, da história que está saindo de dentro deles. As rápidas transformações, as trocas de personagem, os questionamentos sobre a montagem, o andamento das cenas, o auto-questionamento sobre as interpretações, o humor. Pontos muito bem explorados pela dupla, refletindo o papel da direção.
In On It desperta sentimentos diversos. Traz à tona tristezas transformadas em poesia, em beleza. Por um instante, aqueles um pouco mais sensíveis se veem mergulhados numa das histórias com tanta intensidade que se esquecem que é tudo encenação, que são dois atores passando uma cena e se entrega de tal forma que é possível sentir uma outra atmosfera criada através da palavra, da palavra que veio de dentro. De dentro também vem o choque com a realidade quando eles jogam um balde de água fria fazendo com que toda a poesia se evapore e puxando pelos pés os que se deixaram flutuar, jogando-os novamente nas poltronas quando o fim era dado como certo. Tudo é teatro! E os aplausos... de dentro.
Everson Bertucci
Nenhum comentário:
Postar um comentário