segunda-feira, 14 de março de 2011

Luis Antonio – Gabriela


Cia. Mungunzá estreia peça sobre a vida do irmão homossexual do ator e diretor Nelson Baskerville


Nesta quarta-feira (dia 16), o Centro Cultural São Paulo recebe a estreia de mais uma montagem da Cia. Mungunzá, sob intervenção dramatúrgica de Verônica Gentilin, a partir do argumento de Nelson Baskerville. Trata-se da peça Luis Antonio – Gabriela, em que Baskerville coloca em cena a história de seu irmão mais velho, o homossexual Luis Antonio, que desafia as regras de uma família conservadora dos anos 1960 e parte para a Espanha sob o nome de Gabriela. A peça tem temporada gratuita, de quarta a sábado, sempre às 21h, até o dia 23 de abril.

A peça tem caráter de documentário cênico que se inicia no ano de 1953, com o nascimento de Luis Antonio, filho mais velho de cinco irmãos, que passou infância, adolescência e parte da juventude em Santos até ir embora para Espanha, aos 30 anos.

O espetáculo foi construído a partir de documentos e dos depoimentos do ator e diretor Nelson Baskerville; de sua irmã Maria Cristina; de Doracy, sua madrasta; e de Serginho, cabeleireiro e amigo de Luis Antonio. A montagem narra a história deste homossexual até o ano de 2006, data de sua morte em Bilbao, onde viveu, até então, como Gabriela.

Para esta montagem, o elenco – formado por Marcos Felipe, Lucas Beda, Sandra Modesto, Verônica Gentilin, Virginia Iglesias e Day Porto – teve que aprender a tocar instrumentos para executar a trilha sonora original composta por Gustavo Sarzi.


“Luis Antonio, pra mim, era aquele irmão, oito anos mais velho, que sempre mantive na sombra. Só alguns poucos amigos sabiam da sua existência, ele era aquele que, além de me seduzir, e abusar sexualmente, fazia com que muitos dedos da cidade de Santos fossem apontados pra nós, os irmãos da bicha, a família do pederasta e outros nomes”, declara Baskerville.

Em 2002, a família recebeu uma ligação avisando que Luis Antonio havia morrido. Maria Cristina foi atrás de notícias sobre o irmão e após alguns meses descobriu, através da embaixada brasileira na Espanha, que ele estava vivo, morava em Bilbao, onde passou a chamar-se Gabriela, havia sido uma das estrelas das noites de Bilbao, era viciada em cocaína e estava com Aids, entre outras doenças. Em 2006, Gabriela realmente morreu.

A iluminação do espetáculo foi inteiramente construída pelos atores e pelo diretor e é operada de dentro do palco. Para a cena em que Maria Cristina leva Luis Antonio ao Guggeinhein de Bilbao, a Cia. Mungunzá encomendou 22 telas do artista plástico Thiago Hattner, para a caracterização de ambiente.

De acordo com Baskerville, as perguntas mais frequentes dos amigos ao saberem da história eram: “Mas vocês nunca mais se viram? Resposta: nunca. Por que não o trouxeram de volta ao Brasil quando o encontraram doente? Resposta: porque não. Você não foi nem ao enterro? Não. Fiz esse espetáculo”, afirma.


Everson Bertucci


http://www.cesargiobbi.com.br/materia/teatro/15563/luis_antonio_%E2%80%93_gabriela

Nenhum comentário: