terça-feira, 31 de março de 2009

O DIÁRIO DE ALICE - EPISÓDIO 22 - linhas vazias

Cansei ser ignorada, pisoteada e massacrada por todos. Será que você não percebe que eu não agüento mais tanta solidão, não percebe que está sendo tão cruel quanto eu fui com ele? Diário, não quero perder a única coisa que me restou. Por favor, não me faça acreditar que estou sozinha no mundo, que nada me resta. Eu sei que estou merecendo esse impacto para melhorar. Eu estou aprendendo, será que não dá pra perceber que eu estou tentando mudar!? Só que também não dá pra mudar de um minuto pro outro. Estou tentando, diário. Me perdoa? Nem assim você se comove, não é? Nem me vendo rasgar como uma enlouquecida. Pois então fale alguma coisa, me xingue, grite, me insulte, qualquer coisa deve ser melhor que esse silêncio que grita dentro de mim a cada minuto, que me faz me sentir o ser mais asqueroso e insignificante que existe. Anda, grita! Não vai mesmo, né? Pois saiba que você é muito pior do que eu, muito pior. Você é insensível, diário. Não deve existir nenhum sentimento dentro dessas páginas, apenas linhas vazias e sem o menor significado. É isso que você é. E ainda tem coragem de se achar superior a mim? Pois não passa de um diariozinho vazio. Vai se ferrar você! Você não é nada pra falar assim co... você me xingou?! Ah, você me xingou, diário! Continua, por favor. Sim, você tem razão. Eu sou isso mesmo. Pode xingar. Você esqueceu de dizer que eu sou... isso, sou sim. Já está ficando demais. Isso eu nunca fui. Que isso, diário? Tudo tem limites. Como é que é? Você... Hã?... isso é jogo baixo. Eu jam... Grossa? Não sou gr... Mas v... não use is... quem v... P... Errr.... pra mim chega! Tchau.

Autoria: Everson Bertucci

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