domingo, 29 de março de 2009

RESENHA DO FILME "BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS" a partir dos conceitos da cibernética

“Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” levanta questões cibernéticas ao fazer uma analogia entre homem e máquina, abordando o tratamento da informação no interior desses processos como codificação e aprendizagem, conceitos da cibernética.
O filme ao nos confrontar com a possibilidade de seres humanos terem deletadas (termo maquinal) da memória lembranças indesejáveis que lhes causam dor, angústia e sofrimentos, nos remete ao universo das máquinas, tratando o homem como tal.
O que se quer fazer, através de uma experiência laboratorial, é com que o indivíduo, assim como uma máquina tenha informações excluídas de seu software; no caso do homem: a memória. Faz-se todo um processo de captação sensorial para decodificar as lembranças que incomodam o sujeito através de objetos que o levam a tais recordações que, de certa forma, o fere. Ao decodificar as áreas afetadas com as lembranças feita maquinalmente, se delineia a área em que tais informações estão alojadas para que futuramente sejam apagadas.
Feito isto o indivíduo volta para sua casa, toma uma “droga” que o fará dormir e em seguida começa-se o processo, de exclusão dos fatos, que ele mesmo contratou e que após o “tratamento” o fará acordar no dia seguinte como se nada tivesse acontecido.
No caso do personagem Joel, após o início do tratamento, há um arrependimento por parte dele ao perceber que sua amada, Clementine, está sendo deletada de sua mente. Isso faz com que Joel se desespere ao perceber que uma parte boa de sua lembrança passará a não mais existir.
Começa aí uma luta frenética para tentar enganar a máquina que está apagando Clementine de sua mente. Joel elabora um mecanismo de levar Clementine para lembranças em que ela nunca esteve para que estas falsas lembranças sejam apagadas e nao as verdadeiras e nisso o filme é muito feliz elaborando um jogo lúdico, engraçado e até patético, como por exemplo a cena em que ele está embaixo da mesa aos quatro anos e insere Clementine no contexto; ou da cena em que ele é pressionado, pelos coleguinhas, a esmagar um passarinho e covardemente é aniquilado por eles.
Tudo leva a crer que Joel vencerá a máquina e continuará com suas lembranças. Enfim, Joel faz de tudo – e em alguns momentos até consegue parar a máquina – para que Clementine continue fazendo parte de sua história. Em vão, pois a máquina acaba, aparentemente, vencendo.
A máquina em questão consegue realmente apagar as lembranças de Joel, assim como a de Clementine e a de Mary. Mas o que a máquina não consegue fazer com a “máquina homem” é apagar o que realmente o diferencia da máquina, pois nela tudo de informação que se coloca ou tira dela nao faz diferença. Nada irá interferir em seu funcionamento. Ela nao sentirá absolutamente nada, nem perdas, nem danos, justamente por ser desprovida de emoção. Irá funcionar de acordo com os comandos que lhe serão inseridos.
O filme mostra apenas a questão consciente e devemos levar em conta a existência do inconsciente humano, algo muito complexo e que uma máquina não conseguiria detectar. A conclusão que se pode chegar é que esses indivíduos sempre, caso se encontrem novamente, terão algum tipo de interesse despertado um pelo outro - porque a máquina elimina as lembranças e não as preferências e as experiências adquiridas ao longo da vida. As informações podem até ser retiradas do homem, mas a impressão que fica é que, mesmo que infinitas vezes lembranças sejam deletadas, nunca conseguirão apagar o instinto, a aura, a essência: o brilho humano. É justamente esse brilho que origina o título resumidor do filme: “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”.

Autoria: Everson Bertucci e Fernanda Silvestre

2 comentários:

Curso de Citologia do Colo do Útero disse...

Excelente Comentário!
Lucia

Anônimo disse...

Assisti ontem pela primeira vez.
E amei o filme.
Você resumiu muito bem.