terça-feira, 7 de abril de 2009

ESTUDO ELABORADO A PARTIR DO TEXTO "O QUE É FATO SOCIAL", de Durkheim

LIBERDADE NO CASULO

Palavra chave: coerção

Resumo: A liberdade é como um labirinto: para chegar em determinado local é preciso que se passe, obrigatoriamente, por outros pré-estabelecidos, o que não garante encontrar a saída.

De acordo com o que me deparo no texto “O que é fato social”, de Durkheim, chego à conclusão de que não existe liberdade, ou melhor, tal conceito é tido de uma maneira equivocada. Embora esta afirmação possa parecer apocalíptica, refiro-me à concepção de ‘liberdade’ como vem de imediato quando este conceito chega aos nossos ouvidos, ou seja, como princípio de fazer o que bem se entender quando e onde quiser sem prévia satisfação, o livre arbítrio, a independência etc.
A liberdade não passa de algo limitado, restrito. É como um labirinto: para chegar em determinado local é preciso que se passe obrigatoriamente por outros pré-estabelecidos, o que não garante encontrar a saída. O indivíduo não pode fazer o que bem entender, ou se o faz, faz dentro de limitações. Para assistir um espetáculo teatral, por exemplo, ele é livre, desde que tenha o dinheiro para pagar o ingresso.
Pode-se fazer o que bem se quer, desde que não se esbarre em condições sociais, em regras estabelecidas. Existe uma padronização social. Regras de vestimentas, comportamentais etc. Se o indivíduo tenta fugir a este padrão ele é coagido por inúmeros elementos, sejam eles vindos direta ou indiretamente. Ele não pode por exemplo, querer andar nu pelo mundo, mesmo que sinta vontade, a não ser que seja dentro de sua própria casa, dentro de suas limitações. Ousar fazer isto fora do seu espaço, será reprimido pela sociedade, através das autoridades.
Se o indivíduo não se submete às convenções, se não leva em consideração os usos de sua ‘tribo’, automaticamente há uma exclusão, uma segmentação e ele tem de arcar com as conseqüências de seus atos. Neste caso não há uma punição direta e sim indiretamente. Será que este indivíduo está preparado a pagar esse preço? Será que existe uma estrutura psicológica para se viver à margem da sociedade? Será que mesmo à margem ele conseguirá estabelecer um contato de identificação consigo mesmo? Será que ele está preparado para encarar esta coerção social? Será que a fuga pode vir a ser a solução?
Onde quer que o indivíduo esteja sempre vai haverá regras e limitações, muitas criadas por ele mesmo. O que pode acontecer é em cada lugar existir limitações diferentes. O que é regra num lugar pode não ser em outro.
Como pode o indivíduo dizer-se totalmente livre profissionalmente, se muitas vezes, não pôde exercer o que realmente quis por motivos ou interesses financeiros, sem poder escolher o trabalho desejado, tendo que se dispor a encarar o que apareceu primeiro. Para obter um objeto desejado ele é obrigado a pagar pelo mesmo através de seu esforço físico ou intelectual, embora isso possa passar despercebido por este.
Desde que nasce é passado ao indivíduo valores, conceitos etc. A educação dele consiste numa maneira imposta de ver, de sentir e de agir de acordo com a realidade que o cerca. Cabe a ele questionar o que está lhe chegando e tentar mudar sua realidade, embora ele possa se deparar com uma força muito maior que a sua e o medo de ser sucumbido por ela o faça esmorecer. Ele pode ser coagido e engolido violentamente.
Assistindo a um filme, percebi a felicidade de um personagem quando desfez seu casamento aparentemente feliz , abandonou quase tudo o que tinha, entrou em seu carro conversível e saiu pela estrada dirigindo sem rumo, a toda velocidade, e ouvindo música no último volume. Este era o conceito dele de liberdade. Para sua esposa, poderia ser as alianças.
Como o indivíduo pode ser livre sem ignorar a presença do outro? Como ser livre perante todos os signos existentes, sejam na vida matrimonial ou social, em que a liberdade de um pode simbolizar a prisão do outro?
Podemos considerá-la como mais um produto mercadológico? Um produto que o mercado trata de divulgar e que não passa de mais uma motivação para que o homem continue a alimentá-lo?

Autoria: Everson Bertucci

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