terça-feira, 21 de abril de 2009

O DIÁRIO DE ALICE - EPISÓDIO 35 - retrato do sono

Ele não foi o único a surpreender. Eu também lhe fiz uma bela surpresa, que embora clichê, muito romântica. Passamos juntos a noite de aniversário dele. Eu fiz de conta que não lembrava de nada, a geladeira vazia, tudo normal como sempre. Mal sabia ele que eu iria lhe preparar uma surpresa. Levantei um pouco mais cedo e pé ante pé fui até a cozinha. Na tarde anterior, eu havia ido ao supermercado e comprado várias coisinhas que ele gostava de apreciar. Escondi tudo dentro da gaveta de baixo da geladeira. Coloquei umas sacolas de legumes por cima e deu certo, ele nem desconfiou. De manhãzinha, na verdade já dava quase meio dia, porém, “de manhãzinha”, levando em consideração que fizemos “coisinhas” até às seis da manhã. Depois de tudo pronto voltei para o quarto, coloquei a melhor toalha de mesa sobre a cama, deixei-a bem bonita e sobre ela, duas bandejas. Suco natural de pêssego, biscoitos doces e salgados, pão preto integral, frios, mamão cortadinho em cubos espetado no palito, alguns guardanapos coloridos, duas xícaras grandes e coloridas, para apreciarmos o suco natural de pêssego e finalmente, chocolate branco – que ele venera. “Ai que alívio!”. Sentei ao lado da cama e fiquei olhando ele dormir. Lembrei-me dos inúmeros dias em que coloquei meu sobrinho mais novo para dormir. Tinha esquecido como é lindo ver um anjinho dormir e sempre o mesmo desejo: que o tempo parasse perante aquela imagem do sono. Minha experiência com o bebê me fez acreditar que “o tempo não pára”. Acordei-o com um beijo quente no rosto. “Bom dia!” “Bom dia!”. “Que horas são?” “Hora de tomar café”. Retribuiu o beijo, diário. Ficamos abraçadinhos por alguns minutos e em seu ouvido eu perguntei “Tá com fome?” “Tô”. E apontando para o banquete, eu disse... Oi? Banquete sim, diário. Que petulância! Por quê não seria um banquete? Só porque era simples? Pois saiba que foi feito com muito carinho e é isso que importa. Me impressiona muito! Depois eu é que sou a insensível. Tá bom, eu desculpo. Perdi até a vontade de prosseguir. Oi? Tá bom. Apontei para o banquete e disse “então come!”. Ele ficou sem palavras. Totalmente surpreso. Foi tão bonito. Só pelo olhar que ele me lançou... valeu a pena, apesar do meu sono. Mas o olhar dele fez tudo valer a pena. “por quê tudo isso?” “Ah, porque você merece e por ser o seu aniversário”. Outro beijo e outro e outro e outro e outro e outro e outro... ai, tá bom, diário, eu paro!

Autoria: Everson Bertucci

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