domingo, 26 de abril de 2009

O DIÁRIO DE ALICE - EPISÓDIO 38 - discussao hilariante

Dez minutos depois bateu o arrependimento e liguei pra ele. Veio dizendo que estava muito chateado, mas tudo bem. Tudo bem, nada. Quando a pessoa diz que está “tudo bem”, pode ter convicção: não está nada bem. Tive a certeza no encontro seguinte. “Fizemos amor” e ele começou a cobrar de mim um pouco mais de “empolgação”. Disse que eu estava muito passiva, que era só ele quem procurava e acabou voltando ao episódio do banquete. Eu não tenho culpa se ele é um devasso sexual. Ele não me dava tempo de sentir vontade. Nunca vi uma ganância pelo ato de fazer amor. Ai, diário, não estou reclamando, só constatando. Oi? Eu, querendo me gabar? Ai, diário, pára com isso! Claro que não. Sei que ele ficou cobrando uma postura sexual mais “descarada” da minha parte. Preciso te confessar uma coisa: nunca gostei tanto de ver – ou melhor, ouvir, pois as luzes estavam apagadas – alguém brigando comigo. Estávamos brigando por causa de sexo. Ele reivindicava a uma “atitude sexual mais ativa”. Eu adorei. Enquanto ele falava e falava, eu – no escuro – levei as mãos à boca e ria escandalizadamente feliz com as coisas que ele dizia. Foi uma briga linda. É claro que nas pausas que ele dava, eu respirava fundo e dizia alguma coisa do gênero “indignada com aquela discussão” e assim que ele voltava a falar eu voltava a rir. Tem noção do que é alguém discutir com você reivindicando sexo? Oi? Ah, tá! A minha vontade era de gargalhar. Mas nunca alguém havia brigado comigo daquela forma. Eu não podia estragar aquele momento. Sem falar que se ele desconfiasse que eu estava achando aquilo hilário, seria mais uma briga. Brigamos até a exaustão e “fizemos amor” mais uma vez.

Autoria: Everson Bertucci

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